Mesmo com modelos de streaming, produtoras e distribuidoras de conteúdo reforçam importância de parcerias

O painel "Modelos de negócio e negociação de propriedades para streaming", que aconteceu nesta segunda, 11, no seminário "Brasil Streaming", organizado pela TELA VIVA e pela TELETIME, reuniu representantes de importantes grupos de produção e distribuição de conteúdo: Anthony Doyle, vice-presidente de vendas afiliadas da Turner Brasil; Pitter Rodriguez, diretor de parcerias de esportes do Twitter; Nelson Sato, da Sato Company; e Bianca Maksud, diretora de marketing e distribuição do esporte do Grupo Globo.

Em meio às discussões sobre os novos caminhos que estão sendo abertos pelas plataformas de distribuição OTT, os palestrantes concordam com a mesma premissa: o conteúdo ainda é quem dita as regras dentro desse mercado. Enquanto Doyle enxerga as produções originais e exclusivas como uma das grandes oportunidades do momento atual, Rodriguez defende o Twitter como um "destino de conteúdo premium", especialmente em vídeo, que é uma das atuais prioridades da empresa. "Não somos uma rede social apenas, e sim uma rede de interesse. Queremos que as pessoas entrem no Twitter sabendo que, ali, vão encontrar tudo que as interessa. Por isso nosso foco é ser uma plataforma de distribuição de conteúdo, e não de produção.", explica o diretor. Ou seja: independentemente da plataforma, o objetivo de todos é produzir ou distribuir conteúdos de qualidade, que conquistem o público. "É uma forma de monetização crescente.", garante Sato.

Ainda dentro do tema, as recentes parcerias com ligas esportivas nos Estados Unidos e no Brasil estabelecidas pelo Twitter são um exemplo da adição da internet na equação das negociações de ativos de conteúdos audiovisuais, uma vez que nesse universo o consumidor encontra um conteúdo de qualidade semelhante ou talvez até superior ao da televisão. Dentro desse objetivo de tornar o site uma plataforma de conteúdo premium em vídeo, o Twitter tem registrado números relevantes – no ano passado, por exemplo, ele realizou mais de 135 milhões de transmissões ao vivo, considerando apenas os conteúdos profissionais. Para a plataforma, nasce aí uma nova opção de receita – as transmissões são monetizadas por meio de publicidade e, em porcentagens que variam, o lucro é dividido com o detentor do conteúdo. Segundo Rodriguez, na maioria dos casos são eles que vão atrás dos potenciais parceiros. Neste ano, a empresa segue com a mesma estratégia e, recentemente, realizou transmissões relevantes especialmente dentro da área de esportes, como as finais da NBA e a convocação da seleção brasileira que disputará a Copa do Mundo da Rússia pelo técnico Tite.

Parcerias

Enquanto os distribuidores de conteúdo na internet apostam em parcerias que gerem material em streaming, para os produtores há uma outra parceria que, mais do que nunca, deve ser fortalecida: com as operadoras. Tanto o representante da Turner quanto a representante do Grupo Globo presentes no painel bateram na mesma tecla: uma das principais oportunidades do atual momento é reforçar os acordos com as operadoras. No caso da Turner, por exemplo, Doyle afirma: "Nossa intenção não é chegar direto no consumidor, estamos numa situação confortável porque temos as operadoras que cuidam desse trâmite para nós. Elas conhecem o consumidor e tem acesso a determinados dados de consumo, então pra nós isso faz ainda mais sentido. Precisamos fortalecer esses laços para continuarmos a crescer".

Exemplificando o bom resultado do estabelecimento de parcerias com operadoras, Anthony trouxe o case da série "Rua Augusta", da TNT, que teve episódios lançados em parceria com a NET e obteve resultados positivos com a ação. "É um meio de agradar assinantes e anunciantes", acredita.

Bianca Maksud, do Grupo Globo, reforça esse posicionamento e declara: "Nós ainda acreditamos na TV paga e não queremos priorizar o digital em detrimento a ela, por isso as operadoras seguem sendo nossas grandes parceiras.". E ela acrescenta: "Na verdade, estamos falando apenas de um novo momento de uma coisa que já existe há muito tempo, que é a produção e a distribuição de conteúdo. O que mudou é que, hoje, precisamos desenhar que tipo de conteúdo funciona em cada janela e criar especificidades para cada uma". Por fim, retornando ao ponto da oportunidade de se criar conteúdo original, Bianca afirma que isto é possível até dentro do esporte: "Ele deixou de ser um braço do jornalismo para virar um 'gênero próprio'.".

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